Campo Formoso: Uma Jornada Através do Tempo


 


Origens e Povos Ancestrais:

A história de Campo Formoso se entrelaça com a narrativa dos povos indígenas que habitavam a região desde tempos imemoriais. O nome "Nupuranga", dado pelos indígenas à área, significava "Terra Bela", um prenúncio da beleza natural que a caracterizaria. A presença dos povos Sapoiás, Paiaiás e Secaquerinhéns, todos do grupo Quiriris e da grande nação dos Tapuias, marcava a região com sua rica cultura e tradição.

Chegada dos Colonizadores e a Busca por Riquezas:

No século XVII, a colonização portuguesa adentrou o sertão baiano em busca de riquezas minerais. Bandeirantes, impulsionados pela cobiça por ouro e prata, chegaram à região, abrindo caminho para a exploração desenfreada e a dizimação dos povos indígenas. Entre 1654 e 1659, o Padre Antônio Pereira e seu irmão Garcia D'Ávila obtiveram uma sesmaria que incluía a área onde hoje se encontra Campo Formoso. A família Garcia D'Ávila, conhecida como Casa da Torre, protagonizou um período de conflitos, perseguições e massacres contra os indígenas e missionários, dizimando grande parte da população nativa.

Missões e a Luta pela Sobrevivência:

Em 1655, os primeiros missionários chegaram ao sertão das Jacobinas, encontrando mais de 80 aldeias indígenas. Fundaram missões na Jacobina Velha (leste do município) e no Vale do Salitre, buscando oferecer assistência espiritual e material aos indígenas. A Missão Paiaiá, em particular, se destacou por seu papel no desenvolvimento da povoação que ali surgia. No entanto, a perseguição incessante da família Garcia D'Ávila aos indígenas, que os escravizava para trabalhar nas minas de salitre, dizimou a população e culminou no abandono das missões em 1759.

Elevação à Freguesia e Desenvolvimento:

Em 1682, o povoado foi elevado à categoria de freguesia pelo primeiro arcebispo da Bahia, D. Gaspar Barata de Mendonça, recebendo o nome de Freguesia Velha de Santo Antônio da Jacobina. Em 1770, a freguesia se consolidava como a mais importante povoação da região das Jacobinas, impulsionando o desejo por sua elevação à categoria de vila. Esse anseio se concretizou em 28 de julho de 1880, através da Lei Provincial nº 2051, emancipando o município com território desmembrado de Vila Nova da Rainha, atual Senhor do Bonfim. A instalação oficial do município ocorreu em 22 de julho de 1883.

Século XX: Crescimento e Industrialização:

No século XX, a sede do município foi elevada à categoria de cidade em 30 de novembro de 1938, pelo Decreto-Lei Estadual nº 11.089. A agropecuária se consolidou como base da economia local, com destaque para a produção de mandioca, mamona, feijão, sisal e hortifrúteis. A pecuária bovina, caprina, suína e ovina também se desenvolveu, com a criação de gado nas pastagens dos cerrados e grotas e caprinos e ovinos na caatinga.

A extração mineral se tornou outro pilar da economia, com a exploração de cromo, calcário, pedras preciosas e semipreciosas. A FERBASA explorava o cromo na Serra da Jacobina, enquanto a CIMPOR extraía calcário para produção de cimento. A garimpagem de pedras preciosas como esmeralda, citrina, ametista e cristal de rocha também era significativa. A atividade industrial se concentrou na exploração mineral, com destaque para a FERBASA e CIMPOR. O artesanato local, com trabalhos de renda, bordados, crochê, tricô e pintura, ganhou notoriedade, assim como a escultura em materiais minerais.

Riqueza Cultural e Patrimônio Natural:

Campo Formoso ostenta um calendário cultural rico, com festas tradicionais como a de Santo Antônio, a maior do município, e a de emancipação política, que inclui a tradicional olimpíada intercolegial. Manifestações como quadrilhas juninas, reisados, roda de São Gonçalo, banda de pífanos, queima de Judas, calumbi, penitentes, pau de fita, congado, corrida de argolinha e farinhada preservam a cultura local. O grupo teatral.

Crescimento, Desafios e Preservação

A Industrialização e seus Impactos:

A partir da década de 1970, a industrialização acelerou o desenvolvimento de Campo Formoso, impulsionada pela extração de cromo pela FERBASA e pela produção de cimento pela CIMPOR. A exploração mineral trouxe consigo a geração de empregos, renda e investimentos na infraestrutura municipal. No entanto, também gerou impactos ambientais, como a poluição do ar e a degradação do solo.

Desafios Socioambientais e Busca por Sustentabilidade:

O crescimento desordenado da indústria, sem as devidas medidas de controle ambiental, gerou preocupações com a qualidade do ar e da água. A degradação do solo, em decorrência da exploração mineral, também se tornou um problema. Diante desses desafios, a sociedade civil e o poder público uniram esforços para buscar soluções.

Medidas de controle ambiental foram implementadas pelas empresas, como a instalação de filtros de ar nas chaminés das fábricas e o tratamento de efluentes. A recuperação de áreas degradadas também foi iniciada, com o reflorestamento e a revegetação de áreas impactadas pela mineração.

Preservação do Patrimônio Cultural e Natural:

A riqueza cultural e natural de Campo Formoso também é foco de atenção. O município possui um vasto patrimônio histórico, com sítios arqueológicos, construções antigas e tradições culturais que precisam ser preservadas. A criação de um museu municipal e a tombamento de bens históricos são algumas das iniciativas para garantir a preservação da memória local.

A beleza natural de Campo Formoso, com suas serras, grutas, rios e cachoeiras, também é um importante atrativo turístico. A preservação do meio ambiente e o desenvolvimento do turismo sustentável são cruciais para garantir a proteção dos recursos naturais e a geração de renda para a comunidade local.

Conclusão:

A história de Campo Formoso é marcada por momentos de luta, conquistas e desafios. A superação dos obstáculos e a busca por um desenvolvimento sustentável são essenciais para que o município continue a prosperar e a preservar sua rica cultura e patrimônio natural para as futuras gerações.

Fontes:

AULER, Augusto; et alli. As Grandes Cavernas do Brasil. Belo Horizonte: Editora Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleólogicas.

FREITAS, Edith Alves de A. & SILVA, José Freitas da. 1996. História da Freguesia Velha de Santo Antonio – Campo Formoso.

IBGE. 2010. Cidades Brasileiras. (int/ http: www.ibge.gov.br/ cidades).

PLANO DIRETOR DE RECURSOS HÍDRICOS BACIA DO ITAPICURU/ DOCUMENTO SÍNTESE. (int/ http: www. hídricos.mg.gov/ itapicuru).
SCAPOLATEMPORE, Renato. Encontro em Dia. In Jornal Hoje em Dia, Belo Horizonte. 1999.

SRH/ PEACS/ DAMICOS. 2002. Cenário Socioeconômico e Ambiental da Bacia do Alto e Médio Itapicuru, Bahia, Brasil.

OLIVEIRA, Jasson. Blog Ambiental Campo Formoso: Conhecendo Campo Formoso. Disponível em: <http://professorjassonoliveira.blogspot.com/2012/08/conhecendo-campo-formoso-jasson-de.html> Blogspot. 2012

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